Cubatão

CUBATÃO E O PARTIDO DOS TRABALHADRES:

O Diagnostico, o PT e a Cidade que Precisamos.

ícone relógio15/09/2023 às 03:20:00- atualizado em  
CUBATÃO E O PARTIDO DOS TRABALHADRES:

Desafios da Conjuntura Internacional e Nacional

  1. O Brasil atravessa um momento crítico, sobrevivemos a uma batalha mortal em 8 de janeiro de 2023 a qual foi a culminância mais recente de uma guerra permanente contra o povo brasileiro que se intensificou desde o golpe de 31 de agosto de 2016. Cubatão, como uma das mais proeminentes cidades industrializadas do nosso país, sofre as consequências da intensificação desta sabotagem a soberania e a prosperidade popular, por 33 anos[1].
  2. O momento crítico brasileiro é conjuntural à política interna e externa. Internamente o país convive com o fascismo naturalizado pelas “elites internas” sendo os veículos mais perigosos desta naturalização os meios de comunicação e a prática da intolerância exercida por seitas e falsos messias que estimulam a violência de Estado no extermínio do povo pobre. Externamente existe ainda a pressão neoliberal em manter os países do sul global, como exportadores de produtos de baixo valor agregado e comprador de produtos sofisticados dos chamados países centrais, politica esta que conta com a vassalagem de uma parte significativa da burguesia interna. A ascensão dos BRICS que confrontou o império estadunidense na economia e na influência global está isolando o ocidente e não o contrário. Estas derrotas imperialistas trazem ao horizonte uma tempestade de violência e desespero que podem trazer consequências catastróficas.
  3. Esta é uma realidade que trouxe um ambiente difícil para os representantes do povo nos partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais e populares brasileiros. Foi estabelecida uma realidade onde a política é criminalizada ao limite, de modo que a barbárie passou a ser cada vez mais aceita por amplas camadas sociais e assim, sofremos com a inimaginável, até então, eleição de um protofascista no ano de 2018 e foi através dele que uma série de atentados diretos e indiretos a vida da população foram cometidos e ainda assim este inominável conseguiu se sustentar politicamente com uma relevante popularidade.
  4. Este protofascista conseguiu enraizar ideais fascistas e nazistas, sendo aceito por, ao menos, 20% da população brasileira. Esta “necropolítica” é a resposta dos setores mais poderosos economicamente, os que possuem o poder sobre as 500 maiores empresas capitalistas brasileiras, as quais obtiveram lucros estratosféricos com o período de governo usurpador que golpeou a presidenta Dilma e tomado pelo fascismo[2] em 2018 efetivou um padrão de acumulação capitalista que ficou, cada vez mais, baseado na exploração da mais valia absoluta e que abriu o caminho para que se construísse o que esta burguesia chamou de “ponte para o futuro”, emulada pelo usurpador do poder, Michel Temer, com a reforma trabalhista que permitiu a intensificação deste padrão de acumulação. 
  5. A dinâmica de valorização das empresas nacionais sejam elas estatais ou privadas, iniciado no governo Lula e continuado com o governo Dilma foi também interrompida com lava jato. Desta forma, o país tornou-se cada vez mais produtor e exportador de commodities e comprador de bens manufaturados devido à destruição de importantes setores industriais. Esta realidade nacional está diretamente associada aos interesses imperialistas estadunidenses que, com a rápida ascensão do socialismo com características chinesas, é acuado e cada vez mais violento nas suas ações nos territórios historicamente dominados pelos EUA. 
  6. É fato que a consolidação dos BRICS e principalmente da cada vez mais provável perda da força do dólar (uma das principais armas de dominação do império, atualmente), trouxe uma conjuntura onde o fascismo aparece em terreno fértil para desenvolver-se, em que golpes e medidas para mudanças de regime também são intensificados nos países não alinhados ao império e com pretensões soberanas, de modo que até mesmo o aumento do risco de guerras com utilização de armas táticas (nucleares) aparece, cada vez mais, no horizonte.

Cubatão na atualidade: 

  1. Contando com 10. 564 empresas ativas, de modo que o bairro da Vila Nova e o Jd Casqueiro, de acordo com dados atualizados em agosto de 2023, são os bairro com o maior numero de empresas atualmente.
  2. Um dos maiores polos petroquímico e químico da América Latina conta com 25 empresas de grande porte e a Cidade com uma população de 112. 471 habitantes, de acordo com o IBGE, 2022. Os trabalhadores com carteira assinada na indústria têm média salarial de 4,2 salários mínimos com destaque para os ramos de fertilizantes, químicos, petroquímicos e siderurgia
  3. Com um PIB per capta de R$ 121 mil, Cubatão está acima da média do Estado de São Paulo, o mais rico estado da Federação, que possui um PIB per capta de R$ 51,4 mil
  4. A expectativa de vida da população de Cubatão está em 68,3 anos, mas o índice de desemprego ainda é muito alto, o que leva muitos jovens e adultos a apelarem para o mercado informal e precarizado.
  5. Aumenta a cada dia as formas precárias de moradia, com ocupações em áreas de mangues e encostas.
  6. O acesso a cultura hoje está restrito á força dos movimentos de resistência cultural que se organizam e resistem sem espaço na estrutura oficial.
  7. Serviços de educação e saúde são precários com insalubridade para trabalhadores e usuários, bem como é precário o acesso aos recursos que estão garantidos por lei, como remédios, médicos, exames. Na Educação, mantida pelo governo municipal falta segurança, higiene, condições apropriadas a uma Educação minimamente cidadã.

As Perspectivas para Cubatão

  1. Cubatão está inserida neste contexto com o seu enorme potencial industrial. Ao longo destes 33 anos sofreu com a entrega da companhia siderúrgica paulista, que era responsável por aproximadamente 15 mil empregos diretos e deste modo deixou de produzir e investir no desenvolvimento tecnológico do ramo siderúrgico. Esta empresa hoje é um território largado aos interesses do grande capital que desprezou completamente os interesses no desenvolvimento nacional e local. A Cosipa se transformou em Usiminas e hoje o emprego direto nesta empresa ficou restrito a aproximadamente 1200 trabalhadores. 
  2. Este processo de desindustrialização somado as reestruturações produtivas nas cadeias químicas e petroquímicas situadas no polo industrial da cidade causou uma precarização com a consequente redução da média salarial dos trabalhadores das indústrias que na cidade residem, além da eliminação por completo de parte dos empregos qualificados que existiam na cidade. Restou à juventude cubatense o setor de serviços de baixa qualificação e baixos salários. 
  3. Crises permanentes tomaram conta da cidade: Uma crise urbana, onde comércio ficou estagnado e a classe média tem pouco interesse em viver na cidade, a favelização de muitos bairros foi se estabelecendo e se intensificando. O poder público abandonou qualquer resquício de politicas educacionais, culturais, esportivas e de promoção social de modo que a cidade ficou refém de um salve-se quem puder onde a política da cidade ficou ainda mais restrita ao proselitismo. Com o poder público ausente dos espaços públicos, a população ficou refém do crime. E a barbárie esta cada vez mais substituindo o que resta de cidadania e civilização. 

Os Desafios Para o Partido dos Trabalhadores de Cubatão:

  1. Diante desse quadro, é fundamental que o Partido dos Trabalhadores entenda o seu papel nesta conjuntura, onde a classe trabalhadora está, cada vez mais, subsumida ao capital e cada vez menos se enxerga como classe e observa no horizonte apenas as saídas individuais, trazidas pelas seitas e pelos fascistas que ascenderam ao poder no golpe de 2016 e influenciam na dinâmica politica da cidade e dominaram direta ou indiretamente o poder executivo e legislativo local. 
  2. É tarefa política do PT, portanto, a união e a reconstrução em torno de práticas civilizatórias, do desenvolvimento e da cidadania na cidade, assim como está fazendo no governo federal o PT do governo LULA 3, que venceu com legitimidade incontestável a batalha das urnas, mas continua tentando se sustentar diante de um quadro inóspito de fascismo ainda existente nos espaços de cidadania e política. 

As Eleições Municipais

  1. A eleição municipal em 2024 apresenta-se como importante momento para consolidação de uma frente democrática de fato, que congregue todos, todas e todes com as mudanças de rumos necessários à cidade Cubatão. Precisamos ampliar o leque democrático estabelecendo limites claros à barbárie que tomou conta da política brasileira através da violência bolsonarista e lavajatista. Portanto, alianças com “políticos” perfilados com o fascismo e o golpismo devem ser duramente repelidos do projeto politico para 2024. Assim como, diante do quadro devastador que a atual administração municipal impôs, não é possível estabelecer alianças com qualquer um que esteja no campo politico do Prefeito Ademário, atual mandatário da cidade.
  2. É de fundamental importância que o Partido dos Trabalhadores na cidade, estabeleça critérios eleitorais realistas e coerentes com as características, a essência e a história de luta dos trabalhadores brasileiros e por isso essa construção é feita coletivamente.
  3. É fundamental estabelecer um diálogo franco e honesto para a adoção de candidaturas próprias ou na adesão à composição com os outros partidos que estão conosco na Frente Ampla. Os representantes políticos do PT aos cargos elegíveis, sobretudo à candidatura majoritária à prefeitura, deverão estar fortemente engajados e comprometidos com os compromissos firmados pelo partido, sempre visando os interesses do povo.
  4. Entretanto, é importante destacar que esses partidos que se juntaram a nós na Federação Brasil da Esperança, o PC do B e o PV, juntamente com o PSOL e também a REDE, o PSB e o PDT, dentre outros que não estejam vinculados com o golpismo, o lavajatismo, e a atual administração da cidade, estão aptos a dialogar e a construir, juntamente com o PT, com os movimentos populares e de trabalhadores e com aqueles que estejam interessados no desenvolvimento da cidade o nosso projeto e o programa de Reconstrução e União municipal.
  5. É importante deixar claro que a população de Cubatão optou majoritariamente, em 2022, ao projeto petista encabeçado por Lula e Haddad, nas respectivas lutas por unir e reconstruir o Brasil e o Estado de São Paulo nas últimas eleições. Isto demonstra que a população de Cubatão sabe o que representa o PT e poderá escolher da mesma forma o projeto de União e Reconstrução para o município de Cubatão.
  6. Aqui em Cubatão temos a obrigação de procurar entender esta responsabilidade, levando em conta também a realidade colocada diante do cenário político internacional, nacional para construirmos um projeto de desenvolvimento da nossa cidade que seja realmente efetivo e que traga de volta o horizonte da prosperidade comum para cada cidadã e cidadão cubatense. 
  7. Este é um caminho que só poderá ser traçado com bases sólidas e para que isto ocorra, a solidificação do Partido dos Trabalhadores é fundamental, sempre com a pratica dos diálogos sinceros e das avaliações precisas, acerca dos nossos erros e acertos, na nossa orgulhosa história de 43 anos de lutas.
  8.  Por fim, é com muita honestidade e companheirismo, conscientes, todos nós, de que o interesse para com o futuro da nossa cidade, do nosso povo e do nosso país deve estar acima de quaisquer que sejam os interesses personalistas ou de ascensão individual dos nossos quadros políticos locais, que o PT, através da sua executiva, deverá estabelecer meios e se comprometer com a discussão das eleições em 2024. Tudo isto deve ser feito de forma absolutamente e razoavelmente realista afim de garantir que os interesses do povo cubatense na campanha eleitoral para a prefeitura da cidade seja prioridade e seja feita com seus militantes e com os companheiros da frente ampla e do povo de modo a construirmos, juntos, candidaturas que sejam vitoriosas e que leve Cubatão e o seu povo, finalmente, ao desenvolvimento e a prosperidade.


 

[1] O Brasil começou a sofrer uma forte campanha contra a indústria nacional desde a eleição de Fernando Collor de Melo em 1989, contra o então candidato popular Luiz Inácio Lula da Silva. Lula sofreu naquele momento uma viu campanha da mídia corporativa que apelaram para o que hoje conhecemos como fake News.

[2] Veja o artigo de Eduardo Costa Pinto, Alexis Dantas e Elias Jabbour em: https://www.academia.edu/71805052/Notas_sobre_a_reconstru%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil